segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

The xx ou a arte de fazer xx nas calmas

Para quem era vivo no início desta década que felizmente vai agora terminar, sabe que os ingleses (o NME, o Guardian e a Rainha Isabel II) são doidinhos por bandas inglesas. Estás-lhes no sangue ou qualquer coisa, não percebo. Quando surgiram os Strokes (Ataques Cardíacos) entrou tudo em pânico. Ai ai, os americanos são melhores que nós, e agora? Pegaram no primeiro drógádo que apareceu e pimba, agora nós temos os Libertines (drógádos, em português) que ainda são melhores que os nova-iorquinos. Claro que, muito previsivelmente, os Libertines foram caindo no meio do caos Pete Dohertiano e os bifinhos lá acabaram por considerar os Strokes melhorzinhos (que sempre foram).

Pois eis que os The xx (mijo, em português) são a nova coqueluche britânica. Pus-me logo do contra. Mas eles chatearam tanto com xx para aqui, xx para ali, que eu, com tanto cheiro a mijo, lá fui ouvi-los.

É bom. É simples. É inexplicavelmente simples. É tão simples que parecem parvos. Então, deixa-me lá ver se eu percebo que se passa aqui: 4 putos decidem criar uma banda e em vez de andarem aos berros (como ali os Crystal Antlers) e histéricos a gritarem por amor adolescente e virgindades perdidas assim ao calhas, aparecem-me com uma calma digna de um gajo sábio como, digamos, eu mesmo? Que se passa? Devem andar a tomar depressivos, só pode.

E no meio de tanta simplicidade, têm ideias geniais: topem como cada um canta o que lhe apetece ali a partir do 2:40, ela pelo lado do Glacies have melted to the sea, ele pelo things have gotten closer to the sun e depois juntam tudo, acabando a cantar exactamente o mesmo go slow.

É minimalisticamente bom. Sim, são capazes de ser a estreia do ano. Eu bem disse que este era o melhor ano indie desde 2003. É que isto nem é indie - ou é? Importa alguma coisa?