quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Scott Johnson - John Somebody




Até tenho medo de postar isto, mas o dever obriga.
Juro que não é pingarelho, mas existem aqueles álbuns que por mais estranhos e datados que nos pareçam, nós temos de os conhecer, é a regra académica numero um: tem que se ler os clássicos. Para se dar valor a determinada forma de expressão, é essencial assistir à sua génese, ver como foi feito no tempo em que era difícil fazê-lo.
Ok? Siga lá.

Scott Johnson - John Somebody, Pt. 1


Scott Johnson, muito rapidamente, é um compositor da área clássica contemporânea com orientações minimalistas, do género Phillip Glass/John Adams. A sua ideia sempre foi a de incorporar nas composições não só o espírito como os sons do mundano, do real. A abstracção era para os clássicos, Johnson queria o real. E guitarras eléctricas, também queria guitarras eléctricas.

You know who's in New York?
You remember that guy... J-John somebody?
He was a-- he was sort of a--...

Nesse espírito edita em 1982 John Somebody, um álbum-experiência que consistia na base do corte e colagem de cenas de conversação mundana, de modo a captar o ritmo e tonalidade das mesmas, por vezes reproduzidas pela guitarra eléctrica. Pegando nas três frases alí em cima e em algumas gargalhadas, o homem fez um álbum inteiro, com resultados do mais hipnótico e, acima de tudo, viciante.

Agora o mérito ao artista. Trata-se da primeira vez que alguém usa a gravação do som da voz falada como instrumento, fora do mero sampling. Se não é evidente à partida o peso duma inovação destas, oiçam-se todos os álbuns dos Animal Collective. Para além da influência, pense-se também no esforço físico duma operação destas, para quem valoriza a dificuldade: neste tempo não havia cá gravação digital nem essas mordomias. Johnson, para fazer isto, teve mesmo de cortar e colar metros e metros de fita e cuidadosamente colá-los um a um. Ao ouvir a Involuntary Song #2 dá pra ter pena do homem.

Afinal não tenho medo nenhum de postar isto aqui, pois John Somebody não é só uma aula de musica, é um álbum extremamente divertido e uma companhia do catano no Metro.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

INDIEpendente@RCM 95.9 fm - 4ª Sessão

Foi para o ar esta tarde a quarta sessão d'oINDIEpendente na Rádio Campo Maior, podem ouvir no nosso Podcast!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

South

Antes de colocar este post estava a pensar como tantas e tantas bandas sacam "hits" e desaparecem do mapa...um fenómeno cada vez mais frequente com a propagação do digital e da música descartável.O certo é que sempre que gostamos de uma dessas que sobressaem possamos ouvir algo mais do trabalho,fazendo o uso dos possiveis recursos...não é verdade,hum???
E quando de vez em quando lá se gravava um cdzinho pra rodar no carro e já ía no "Vários, Volume IX" ou "Now k tu kiseres" (este foi o nome que dei a 2 volumes das minhas colectaneas),posso dizer que esse tempo era de pura absorção de todos os temas e que, claro,pouco tempo depois já sabia a ordem e os nomes e algumas letras.

Com esta conversa de Vitor Espadinha - Recordar é Viver :) quero deixar-vos com uns tais de SOUTH, uns rapazes andam ali pros lados de Coldplay, mais ou menos Stone Roses, não fosse Ian Brown o seu mentor (alguém conhece Stone Roses?).

Com nome de chocolate, Joel Cadbury é o vocalista que assegura uma personalidade desta british band, e que abrilhantou também a banda sonora de "O.C.".

Gosto.

The Walkmen

Falo com amigo holândes - sou muito internacional - que pelos vistos é agora um grande promotor de música lá no país dele (que ao que parece é a Holanda) e, no meio do que me sugere ouvir, diz-me com sotaque holandês:

- Tens de ouvir as próximas duas músicas do início ao fim. É uma grande, grande banda.

Decepção total. A banda é de facto muy grande, a decepção é outra: já os conheço desde mil oito e troca-o-passo (mais ou menos). E estes Walkmen (aqueles-coisos-tipo-ipod-só-que-muito-pior, em português) têm a minha música favorita da década que passou. Porquê? Ora, eu explico.

Há duas formas da uma canção nos entrar no goto: através da letra ou através da música. Esta entra-me das duas formas (esta frase foi perigosa). Quem nunca teve uma relação mal acabada na vida ainda não aprendeu tudo; quem teve, tem de ter esta música no top individual. Para quem não conhece a música que se segue, tem autorização moral da minha parte para praticar o harakari. Para quem conhece, é então obrigado a concordar comigo (muito naturalmente) e continuar a curtir o rock em estado bruto e cru. Senhoras e putos, The Rat, pelos The Walkmen:


...When I used to go out I would know everyone that I saw
Now I go out alone if I go out at all...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

INDIEpendente@RCM 95.9 fm - 3ª Sessão

Foi para o ar esta tarde a terceira sessão d'oINDIEpendente na Rádio Campo Maior, podem ouvir no nosso Podcast!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Caribou

Tal como o gng, ando para fazer um post deste gajo há mito tempo! =P
Caribou, tem nome de cerveja, mas até que nem é o nome real dele. O nome da pessoa é Daniel Victor Snaith e é Canadiano (para variar). Para quem gosta de electrónica indie, noise pop e dream pop não podem deixar de ouvir o senhor - Caribou! Desde criança que gosto de ouvir esta pessoa, isto desde 2006...

Existe algo curioso e interessante, é que ele até 2003 queria que lhe chamassem Manitoba - e com isto faço dois posts, este para Caribou e depois um dia um para Manitoba. =)

Enquanto Caribou leva dois álbuns editados (um 2005 e outro em 2007) e em Abril vai lançar o terceiro. É um artista que aconselho a ouvir especialmente no carro ou quando não há mais nada para fazer! =P Oiçam a pessoa, tem um som bastante espacial e melódico!

Do primeiro álbum deixo-vos este magnifico e abominável homem das neves:


Do segundo, eli (que em dialecto cigano significa, ele):


Do terceiro, que sai em Abril, mas já podem sacar o single de borla do senhor Internet, Odessa (não sei traduzir):


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

The Decemberists (Os Dezembredores)

Tenho um post sobre os Decemberists pendente há que tempos. Porquê? Não sei. 

O mais recente álbum destes gajos saiu em Março de 2009: lembro-me como se fosse ontem e eu fosse amnésico. Chama-se The Hazards of Love, que infelizmente não sei o que quer dizer porque está em estrangeiro. Estes perigos do amor estão todos espalhados ao longo do álbum - bom princípio para quem quer fazer um álbum conceptual - e a beleza é que contém partes secantes cujo único propósito é sobrevalorizarem as partes boas, nomeadamente em que a gaja entra a cantar e eles deixam de se armar em maricas (ia dizer paneleiros, mas agora temos de ser politicamente correctos) e tocam guitarras eléctricas e botam umas batidas de bateria como deve ser.

Ora, eu já percebi que vocês são uns gajos desconfiados: ainda vão ter de ir ouvir a música no vídeo para terem a certeza. Raios. Chatos. Pois então eu escolho a música que melhor explica este álbum. A música em questão começa numa onda mais secante, a tender para o gay (perdão, queria dizer metrossexual), mas depois vem a mulher e a coisa vira séria. Vão-se embora as guitarras acústicas e plantam-se as eléctricas. O álbum é todo ele assim (no bom sentido). Conta uma história de um gajo qualquer que se casa e depois mata os filhos e o irmão gémeo é bom e ele é mau e é vampiro - estou a escrever isto ao mesmo tempo que dá uma novela na TVI/SIC, tentem adivinhar a parte que é mentira - e quando a gaja aparece é que realmente vale mesmo a pena.

Olhei para baixo agora mesmo e, não sei porquê, voltei a lembrar-me da palavra "pendente". Se calhar já sei porque ainda não tinha escrito nada sobre eles: este álbum cresce em nós, como dizem os bifes. E hoje deu-me para voltar a ouvi-lo. É bom. É melhor cada vez que se ouve. Parece-me que estes gajos estão a trilhar um percurso (ou a percursar um trilho) bastante interessante. Se enveredam pelo rock progressivo e álbums conceptuais, arriscam-se a terem-me como fã. É perigoso. Bem, vou-me vestir. Fica aqui o vídeo:

Ela quer Vingança

Pós Poly Rock, tomei a liberdade de jogar mais uma carta do baralho com "She Wants Revenge", um duo de Americanos que se juntaram em 2006 e cujas influências passam plos velhinhos Joy Division, The Cure ou Bauhaus. Podem experimentar por a tocar os Poly Rock e She Wants Revenge, têm um beat quase no mesmo compasso. Os primeiros segundos parecem-me bem...ou não??

Quando é que alguém dos autores do Indiependente se aventura num mashup original?


Atenção para "Tear You Apart". Tenho dito!

Polyrock - Justiça no pós-punk?



Há quem diga que chegaram tarde demais. Os anos 80 já tinham entrado e o reino do pós-punk pertencia aos Talking Heads, pelo que um projecto como o dos Polyrock acaba por nunca ter a projecção que muito provavelmente mereceria.
A influência de Brian Eno é clara no som das duas bandas, mas enquanto os Talking Heads o tinham no estúdio, os Polyrock só o teriam em espírito. Em compensação, tinham na cadeira de produtor o genial minimalista Phillip Glass, que não só produziu os dois esforços discográficos da banda como tocou em ambos, resultando a amalgama de influências numa abordagem saudavelmente funk do espírito repetitivo e atonal a que nos habituámos com Glass.
Talvez falta de timing, talvez falta de promoção, a verdade é que temas como este Romantic Me evidenciam a urgência de se redescobrir a musica desta banda com tão curta existência (1978-1982) e fugaz relevância.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

INDIEpendente@RCM 95.9 fm - 2ª Sessão

Foi para o ar esta tarde a segunda sessão d'oINDIEpendente na Rádio Campo Maior, podem ouvir no nosso Podcast!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Só n'oIndiependente é que encontra os vídeos mais fresquinhos

Reparem no "Ai foda-se!" seguido do salto à fada que o manzarra manda. É por quedas destas que um homem devia ter sempre cornos, se não arrisca a aleijar-se.

Four Tet

Apesar de não ler coisas esquisitas como certas e determinadas pessoas cujo nome não vale a pena referir ou tão-pouco publicitar (Liliana Gil), também eu gosto de ter e fazer teorias. Aliás, fechando-me a influências exteriores consigo até ser bastante original, o que faz com que o que se perde em qualidade seja compensado por essa mesma originalidade (gostava que isto fosse verdade). Ora aí vai: toda a gente de bem (e de mal) sabe que há três fases numa relação com um parceiro/a amoroso/odiável. Primeiro, falam. Segundo, falam porque não suportam o silêncio desconfortável. Terceiro, conseguem estar sentados num café, silenciosos, sem que isso os incomode. Esta terceira fase, a fase da perda do desconforto imposto pela falta de palavras, é muito bonita (já vi em filmes e tal) mas, feliz ou infelizmente, nem todas as relações lá chegam. Querem ajuda?

Pois peguem no There Is Love In You do Four Tet (quatro tetas). Trata-se d'um álbum electro indie repleto de pequenas melodias harmoniosas espalhadas ao longo de músicas de média duração (+ de 5 min), quase todas elas encapsuladas em atmosferas sonoras relaxantes. E esta good vibe que emana do álbum faz com que este possa perfeitamente funcionar como catalisador para uma paz de espírito com o/a amigo/a ao nosso lado no sofá. E, a partir daí, onde conseguirem chegar dependerá do vosso mérito e/ou nível de sangue no álcool. Mas que ajuda na tarefa, ajuda. E é positivamente hipnotizante:


P.S: Todo eu me pinto de satisfação (cor que gosto muito) com a entrada lenta e por meios indie (como aliás deve ser) do Hospice como álbum de eleição.

Charlotte Gainsbourg, faço questão

Do funk do sol nascente voltamos à terra do croissant (no qual je crois muito, especialmente com chocolate), para deixar n'oindie a marca do IRM, último álbum da artista multi-registo Charlotte Gainsbourg. Ao que parece, a rapariga de trinta e tal anos, filha dos Tubarões Jane Birkin e Serge Gainsbourg, é uma verdadeira figura de culto, com longa carreira no cinema e uma ou outra aventura musical: Lemon Incest, de 1985, e 5:55, de 2006, são os álbuns anteriores, segundo a-fonte-que-todos-conhecem; o último conta com a participação dos Air e o apoio do Neil Hannon, entre outros. Ainda assim, é provável que Charlotte continuasse a passar-me ao lado por mais alguns anos, não fosse este IRM ser produzido pelo Beck, essa minha grande tara [justificada] (e nota-se-lhe bastante o condão). Lançado online em Outubro do ano passado, não encontro agora forma oficial de download, mas podem sempre dar uma escutadela directamente no site e ...
Como o indie é como o natal, fica aqui um bom laivo pop com toda a inteligência da subtileza. Ainda não tenho favorita, escolho uma que me diz, definitivamente, Cenas:


Acho que alguém devia retirar as suas apreciações sobre a sexualidade do jeito francês...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Mountain Mocha Kilimanjaro, o Funk Amarelo

Japoneses que fazem funk, onde isto já vai... =P Pois é, estamos a falar de seis músicos oriundos das ásias que se divertem a fazer música com muito soul e groove. Chegando ao ponto de serem confundidos com aquelas pessoas das décadas de 60 e 70 com muita melanina, da classe eumelanina, na pele (existem duas classes principais de melanina: eumelanina, de cor acastanhada ou preta, e feomelanina, de cor avermelhada ou amarelada).

Conheci a banda através "d'A Rádio" e quando o senhor que fala antes e depois de passar a música me diz que estes músicos eram japoneses, pensei , "O Japão vai dominar o mundo, são um povo com um PIB do caraças, com a tecnologia mais evoluída, fazem cinema bom, muito gore, mas até é bom e ainda fazem música deste calibre... Vão dominar o mundo!" =) Ah e fizeram o Dragon Ball! lol

Lançaram em 2008, na Europa, o seu primeiro álbum de originais e digo-vos já que vale a pena ouvir.

Bom deixo-vos aqui dois aperitivos para tirarem as vossas ilações:





terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

oINDIEpendente ON AIR!

oINDIEpendente tem uma rubrica na Rádio Campo Maior! Vai passar todas a segundas-feiras pelas 19:15H. Foi ontem para o ar a primeira sessão (dia 1 de Fevereiro), a qual, como primeira experiência de rádio em directo nem correu mal. =)

Podem ouvir a Rádio Campo Maior em, http://www.radiocampomaior.com/audionline.htm e para quem se encontra no concelho da leal e valorosa vila basta sintonizar um aparelho que capte difusão radiofónica em 95.9 fm!

Criámos um player na barra lateral onde podem ouvir os podcasts d'oINDIEpendente na RCM, no qual já está a primeira sessão! Siga ouvir isso pah!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Grizzly Bear em Portugal

Eu quanto a vocês não sei, mas eu vou.




E os Sonic Youth também andem aí!

Rooney

É curioso que muitas vezes as escolhas dos temas musicais para spots publicitarios são um bom tónico para retorno na venda dos produtos e serviços (assim de repente lembrei-me do Pingo Doce, o "Sítio do Costume"). O caso da banda que vos apresento não será um caso igual mas é uma banda que eu logo identifiquei pelo último anúncio de um perfume da marca Carolina Herrera (o tema em causa "I'm a Terrible Person").

Já os conheço pelo menos desde 2006,do saber de um Sr. da Rádio de seu nome António Sérgio que nos deixou há pouco tempo e que passava música A SÉRIO na Antena 3. Com grandes influências dos Beatles, Beach Boys ou dos The Cars, os ROONEY são um grupo de 5 rapazes de Los Angeles : Robert Schwartzman, Louie Stephens, Taylor Locke, Ned Brower e Matthew Winter. Nada têm a ver com o jogador Inglês a julgar plo nome, mas a sua essência vai de encontro à música Pop Britânica.
Há muito que nada sei deles, mas de vez em quando vêm à baila nomes que gostaria de partilhar com vocês que gostam de conhecer, assim como muitas outras bandas menos conhecidas e com o seu q.b. de talento e podemos aqui falar delas. Catalogar algumas bandas torna-se por vezes tarefa dificil. Para os ROONEY a receita é de Rock, Pop, Surf e Indie com algumas baladas tipo cereja no topo do bolo.

Recomendo-vos ouvir o 1º albúm com o mesmo nome, e ficam 2 vídeos como aperitivo.

"Blue Side"




E um dos primeiros singles, "I'm Shakin"





Bom Apetite!