terça-feira, 27 de abril de 2010

orelha negra: filosofia de síntese

"Um, dois... As canções que vamos apresentar têm uma ordem numérica que não obedeceu a nenhum critério especial, mas apenas a um sorteio. Teremos portanto canções de um a doze, além dos títulos respectivos, com o intuito também de estimular os nossos compositores e, simultaneamente, o aparecimento de novas melodias ... Pegar em canções e transformá-las ... é a gente encontrar uma, digamos, uma unidade de expressão de sentimentos para conseguir encontrar-nos aí."

Roberto Leal bafeja Lonnie Smith, entre outras promiscuidades, a lembrar que "Não há nada mais novo do que a memória". Fresquinho: Março de Dois Mil e Dez na Fnac, com edição limitada em vinil.

INDIEpendente@RCM 95.9 fm - 11ª Sessão

Foi para o ar esta tarde a décima-primeira sessão d'oINDIEpendente na Rádio Campo Maior. Podem ouvir no nosso Podcast!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Indie Geek

Old Lounge Glitch

E como ser indie é também ser moderno...




Ser moderno é também ser geek.


Aqui vai um sweet jazz directamente de 86.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Velvet Underground

Uma vez, há ao que me parecem agora eternidades atrás, apaixonei-me à primeira vista - já passou, obrigado - e associei imediatamente uma música ao que acabara de acontecer. Que música? A Pale Blue Eyes, dos Velvet Underground. Quem são os Veludo Subterrâneo? É pá, para já não curto muito essa mania de traduzir as coisas e, depois, deixa lá ver se percebo: não sabem? Também não explico.


Aproveitando para me citar, devo dizer que esquecendo pormenores como a vida fazer mais sentido; andarmos felizes; sermos boas pessoas; termos mais paciência; relativizarmos as dificuldades; enaltecermos a sorte que nos calha; passarmos a vida a rir; gostar de tudo, inclusivamente do que não gostamos; etc..., parece-me evidente que andar apaixonado - principalmente se for à primeira vista - só traz desvantagens!

Mas também aí os Velvet têm a solução. É injectar a Heroin ouvidos adentro e desfrutar do desespero com qualidade. Vivas aos Velvet!, a depressão que se asterisco-asterisco-asterisco-asterisco!


sexta-feira, 16 de abril de 2010

Thee Silver Mt. Zion

No panorama canadiano, e em especial, em Montreal, estamos já habituados a encontrar artistas de grande qualidade, que não olham às normas ou formatos impostos pela indústria, optando, antes, por se expressarem livremente, em projectos com registo sonoro muitas vezes único.
A banda que apresento hoje é um exemplo disso, sendo um projecto que desde a nascença tem vindo a procurar a sua própria auto-definição, sem nunca a encontrar. Surgidos das reminiscências de Godspeed You! Black Emperor, a banda sobre modificações em quase todos os álbuns que lança. Ora mudança de membros, ora mudança de nome, ora expansão do estilo, já foram conhecidos por A Silver Mt. Zion, The Silver Mt. Zion Memorial Orchestra & Tra-La-La Band, Thee Silver Mt. Zion Memorial Orchestra and Tra-La-La Band with Choir e Thee Silver Mountain Reveries. Esta incerteza de identidade só realça a importância daquilo que a sua música representa a cada momento, face à mera designação que é assim atirada para segundo plano, e que em nada deve influenciar ou definir a obra de uma banda.
Nos últimos dois álbuns em especial (13 Blues for Thirteen Moons (2008) e Kollaps Tradixionales (2010)), tem-se vindo a sentir uma maior orquestração e intensidade da sonoridade, afastando-os cada vez mais das suas origens com GY!BE. São exemplos destes últimos álbuns, que aqui apresento, e com os quais termino o post, porque mais palavras só afastariam cada vez mais esta descrição, daquilo que eles realmente são.

(Black Waters Blowed/Engine Broke Blues do 13 Blues for Thirteen Moons. É um pouco experimental, sim =) (em continuação do concerto de ontem, assistido por alguns membros daqui=D), mas é estupidamente linda e intensa, desde que ouçam até ao fim. Não encontrei sem ser ao vivo.)

(I Built Myself a Metal Bird, do Kollapz Tradixionales)


quinta-feira, 15 de abril de 2010

The Morning Benders

Do mais indiescutível - de ser tão e descaradamente indie que já devia ter outra categoria, própria, €urosonante, pelo bem da residualidade do rótulo que, adaptado, nos dá título -, vem hoje aqui parar (zzzzzzzzzuuum Pás!) The Morning Benders. Directamente do meu coração para a folha electrónica, estes docinhos caíram-me do céu mais leves do que qualquer sobremesa com nome de coisa gorda, durante uma viagem melodramática pelo youtube, entre covers da "Lovefool" dos Cardigans - sim, do filme Romeo + Juliet, imagine-se! E ela é tão menina que não resistiu: nunca a baba&ranho fora tão bem com um sorriso rasgado e, portanto, só podia ser bom. Passaram também num teste particular montado nessa grande instituição de exposição-aprovação interpessoal que é o fb - são likes, meu amor, são likes. Abriram concertos para éne (confira) e, agora, desde dia nove de Março, estão aí com novo Big Echo, depois de Talking Through Tin Cans (2008). Quem quiser que vá por mim, são doces sem deixar as guitarras e a percussão, hábeis e de bom gosto. Vão ficar com areias da California nos pés e uma pontinha de sal pacífico no nariz.
Como quase-antropóloga, para-sempre-quase - especialmente depois do comentário que vou fazer; e, vá, não me censurem, lembrem-se como correu bem à mãe do Obama -, confesso um ainda por cima: aquele Chris Chu, de olhinhos rasgados, é exemplo da boa aculturação que acontece por esse mundo fora. Hey-man!

Senhores e senhoras, duas de the morning benders:



De Big Echo (que contou com o grisalho Chris Taylor na produção), aqui acústica com pinta homemade. É a segunda do alinhamento: "Promises", depois de "Excuses".

Love Is All - Kungen




Quando se acorda bem disposto, acorda-se bem disposto e nada a fazer.
Antes de ir ouvir dubstep da Transilvânia para regularizar as coisas, nada como partilhar a festa compactada que são os Love is All e, mais concretamente, o seu novo Two Thousand & Ten Injuries.
Este já é o terceiro esforço da banda sueca, que com cinco elementos fazem o som de todos os grupos de teatro de todas as escolas secundárias do mundo, juntos. Diz-se que são das melhores novas bandas ao vivo por aí, quem sabe poderemos conferir isso num dos festivais deste Verão.

Fiquem com o único single do álbum até à altura - Kungen - exemplar mas nem de perto do melhor que podemos ouvir em Two Thousand & Ten Injuries.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Kasabian

Há que tempos que oiço falar dos Kasabian. Como também não gostava (e não gosto) do nome da banda, nunca me dei ao trabalho de os ouvir; mas aqui há coisa de meses li na sempre exagerada new musical express que os gajos andavam a inspirar-se nos Pink Floyd para o último álbum e eu, pimbas, comecei logo a pensar que haveria de acumular ódio na expectativa de ouvir aquilo e dizer 

Ah-ah! Não valem um [esqueci-me do que ia escrever]!

Claro que na prática nunca mais os ouvi: no meio de tanta coisa que queria ouvir e gostar, não tive tempo de ouvir uma coisa que queria não gostar.

... Mas entretanto aproveitei o facto de contribuir para o desenvolvimento do país - não só através destes posts - e decidi estoirar 90€ e 2 dias de férias no Optimus Alive. E fui lá ao site do festival e vi Kasabian com letra de tamanho até grandito e pensei

Nem é tarde, nem é cedo: é agora que oiço estes filhos da [esqueci-me outra vez]! 

Ouvi o último álbum. A primeira metade é muito boa, a segunda nem tanto. Pink Floyd? Não vamos misturar música com religião. Mas gostei. Fiquei positivamente impressionado. Fiquemos com o segundo single extraído do álbum - uma música abichanada mas interessante:


..... e com a melhor música do mesmo álbum (esta mais à homem):

INDIEpendente@RCM 95.9 fm - 10ª Sessão

Foi para o ar esta tarde a décima sessão d'oINDIEpendente na Rádio Campo Maior. Podem ouvir no nosso Podcast!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

CocoRosie - Children's noise

Chegam a casa todos rebentados, quer por trabalho, quer cansados de nada fazer e apetece-vos ouvir qualquer coisa calma, meio experimental para poderem viajar por mundos repletos de magia e fantasia, mas sem sair de casa? (Atenção que agora ouvir ou produzir música experimental faz de ti uma pessoa muito cool :P)

Então CocoRosie é a resposta aos vossos males! São as irmãs Bianca "Coco" e Sierra "Rosie" Casady, vindas dos EUA, com os seus sons freak folk e as suas doces vozes de meninas de coro (fora parte pedofilia eclesiástica).
Nas faixas dos seus três álbuns podem encontrar de tudo um pouco, blues, opera, sons de brinquedos, pássaros a cantar... Não dá vontade de ouvir? =)

Já conhecia estas senhoras e já me tinha esquecido delas, mas como a Radar me prendou há pouco tempo com o primeiro single do álbum que vão lançar em Maio deste ano - espera lá, deixa meter-me a ouvir isto em casa!


Este é o seu novo single, Lemonade:


Um som do seu segundo álbum:


E para finalizar, do seu primeiro trabalho, um som de cortar a respiração (digo isto de lágrima no olho ^^):

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Estradasphere

Sem qualquer noção de formato e fora de preconceitos ou de estilos musicais, Estradasphere é uma das bandas contemporâneas que tem surgido na linha da frente da fusão entre géneros. Com uma qualidade de composição e de imaginação que se coloca ao lado de nomes como Mr. Bungle/SecretChiefs3 (Patton-land..) ou John Zorn, eles libertam as rédeas daquilo que se define desde a antiguidade como sendo o conceito de uma música.
Em trechos de vários minutos, levam-nos a viagens entre diversos estilos com diversas influências, colocando-se, no entanto, sempre sob o "dome" do rock e do jazz. Não têm problemas em cantar em estilo beach-boys, ou de berrar em tom de doom metal, nem de misturar canto lírico com pedaleira dupla. E ainda pelo meio, marcam o seu registo com instrumentos de sopro e violino, uma bateria que não conhece destino (dando-me vontade de citar uma música dos Beatles, "he is a real nowhere man, sittin in his nowhere land, making all his nowhere plans for nobody.."), e findando este molto pianíssimo resumo, por uma acentuada influência "geek", de geração Nintendo, fazendo uso de sons dos jogos nos interlúdios que nos levam de metal para o circo e vice versa, <OldiesWarning > culminando até numa versão jazz extremamente composta da "theme" de Super Mario Bros. 2, ou, para os felizes possuidores de consolas NES, para momentos de nostalgia em que o jogo encrava e é preciso tirar o cartucho para lhe soprar. </OldiesWarning>.
Ouvir um album de Estradasphere quando ainda não o conhecemos, é não saber ao certo o que vamos ouvir e não nos importarmos com isso, porque temos a garantia da qualidade, e se é qualidade que apreciamos na música, então estes albuns são o mais intenso tantra musical.
Apresento uma música daquele que é considerado o melhor dos seus trabalhos, o album "Buck Fever".
Eis, uma meia dúzia de existências, que nesta vida se cruzaram, para platonicamente dar origem a um dos maiores génios músicais de sempre: Estradasphere.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Violent Femmes - Add It Up

Aproveitando o facto de neste momento não existirem vilões a tentar destruir o mundo e, consequentemente, libertando-me temporariamente (não se preocupem) da função de seu salvador (de quem?), venho aqui anunciar peremptoriamente (palavra que não sei o que quer dizer) que desisto de ser a única pessoa com extremo bom gosto presente nas festas onde se pode escolher o som que se passa; ou pelo menos de escolher o dito.

Porquê? Oh, porque depois aparece sempre a gaja alcoolicamente boa mas com mau feitio que quer ouvir coisas "mais animadas" ou o betinho cujo pólo diz (eu só consigo olhar para o pólo):

- Eu até curto do teu som pá, mas a malta quer algo mais...

- Paramos para o senhor tomar alguma coisa?

- Não, apetecia-me algo...

Arre, fasteriscoda-se, desisto.

É que, só numa de fazer ver-vos - que me perdoem os invisuais - o tipo de coisa que eu gostava mesmo de ouvir mas que exige não só uma capacidade de entender palavras em estrangeiro como também a necessidade de conhecer os tempos da música (seja lá o que isso for), e que, por isso mesmo, é difícil de engolir para quem está bêbedo e só quer é ouvir pão-com-queijo (depois explico), pode - e deve - ser exemplificado de forma gloriosa na música que em baixo se apresenta:



Estou a ficar velho.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Linda Martini e outros (2009)

A Optimus Discos vai na quarta série. Henrique Amaro à cabeça, são 31 em menos de um ano, todos disponíveis para download gratuito, mediante registo, aqui. Gravações em concerto e em estúdio, umas recentes, outras menos, o rumo tem sido a promoção e divulgação de novos valores musicais portugueses (pareço a RP da cena). Assim, 2009 foi chorudo em composições lusas para o estéreo do fone e da coluna, algumas delas com entrada própria aqui n'oindie - lembro-me da música de Tiguana Bibles, conimbricenses apresentados pelo Apache. Da última série brotam Fita Cola, Dealema, Johnwaynes e Frankie Chavez, mas queria destacar outros, sem desprimor. É que uma das minhas bandas portuguesas favoritas teve lugar na terceira série e ainda não passou pelo blog: Linda Martini. Em Intervalo (EP), estes meninos e menina do abençoadoqualquercoisaprogressivo recordam temas, todos seus excepto "Adeus Tristeza", versão que faço questão que oiçam, lixe-se o quão fartos possam estar da canção. É possível que caia sempre bem.

"
Nós fizemos uma versão da Lena d'Água e o pai do André disse: vocês têm é de fazer uma versão do "Adeus Tristeza"!". Pontos de contacto com os Linda Martini? "É melancólico até dizer chega...".
em entrevista a Lia Pereira, Blitz 19/01/10