segunda-feira, 9 de novembro de 2009

The Antlers

Às vezes a subjectividade sente-se de tal forma que se torna lei. Eu não acreditava em amor à primeira vista. Coisa de maricas. Até que me apaixonei à primeira vista. A partir dessa altura passei a ter mais respeito com quem diz esse tipo de mariquices.

Pois aconteceu-me coisa semelhante com os The Antlers, no álbum Hospice. Ia no 2º minuto da 2ª música (a primeira tem 3 minutos) e pensei: este é o melhor álbum do ano. Que parvoíce. Mas não é que é mesmo? A música tem uma densidade que sai fora das bandas que por aí andam em que agora-somos-uma-banda-indie-encaixa-aqui-uns-riffs-e-uns-refrões-orelhudos-e-pronto-agora-somos-uma-banda-indie-somos-mesmo-fixes.

Primeiro que nada, aqui há depressão, há morte. Chega a cheirar a Arcade Fire (sim, há esperança). Nota-se que as músicas foram trabalhadas, são belas. E é um álbum conceptual. Oh, quando os álbums são conceptuais são trabalhados, são pensados. Perde-se mesmo tempo com aquilo, tempo para além do "pronto, soa bem". Chega-se ao "pronto, era isto que eu queria criar". E este gajo, Peter Silberman, arranjou as condições ideais para criar uma obra de qualidade. Pegou em si mesmo, levou-se para Brooklyn e isolou-se durante 2 anos da família e dos amigos. Foi sem querer, a adaptação à Grande Maçã era-lhe mais difícil do que ele supusera. Ali sozinho, a escrita criativa acabou por ser mais que um hobby, passou a necessidade. E vai daí criou esta beleza. O álbum conta a história de uma doente com cancro em estado terminal, do seu companheiro e da enfermeira. Deprimente? Não. Poderoso. Ouçam-no. Vão perceber que é uma história marcante. Para ouvir e ouvir e ouvir.