segunda-feira, 15 de agosto de 2011

voltar a Björk

Tinha dezasseis anos quando chateei muito os meus pais para ir ver Björk ao Hype@Meco. Foram levar-me e buscar-me, era a primeira vez que ia a um festival de música com amigos. Ouvia o Homogenic e o Vespertine em loop, na altura. Com o passar do tempo, a artista saiu da minha lista de preferências, em parte porque não percebia onde queria chegar. As melodias, as letras e as técnicas começaram a parecer-me repetitivas e não me seduziam - demasiada natureza, tininins e variações passivo-agressivas.
Ontem, à espera do autocarro - longa espera, btw; não desejo a experiência de transporte público maltês a ninguém -, saturada das pastas que tinha no ipod, sintonizei rádio no primeiro e talvez único posto não untzcapuntz disponível. A melhor das surpresas: uma entrevista com a em-tempos-minha-artista-favorita para me fazer regressar a ela com renovados olhos e orelhas.
Biophilia (mais um desses esoterismos científicos, felizmente sem o famigerado "quântico" à mistura) dá título ao novo álbum de Björk, a sair Setembro próximo. O sururu em torno das suas novidades técnicas pode ser desgastante: sim, a artista não recorre "instrumentos convencionais", sim, ela gosta de touchscreens e de ipads, pois, a apple preparou-lhe uns apps quaisquer novos para compor música. So what? Por muito que aprecie o empreendimento técnico, tudo isto me pareceria muito vão se não tivesse ouvido a entrevista e os propósitos de Biophilia por Björk, ela própria, muito esperta, clara e sensível, inteligentemente interrogada pela tipa do The Strand. Espera-nos então um álbum post-moaning, de soluções estéticas para lutas musicais, pessoais e políticas.

Deixo-vos os link para a entrevista (aqui) e uma música de amor sobre vírus, generativa.


Porque música generativa não se ensaia, é com ainda maior expectativa que fico à espera de ver Björk de novo. E desta vez conduzo eu.