E provavelmente vais matá-la. O que para alguns pode ser a melhor prenda para o dia do Filho.
E se no final da primeira faixa (Destroying Angel) ela ainda estiver viva, então orgulhem-se.
Porque se a vossa mãe conseguiu sobreviver aquela dose de dor, pus, sangue e morte, merece viver para ouvir o resto do álbum.
E falar da droga é cliché. É. Mas o ouvinte cauteloso vai certamente encontrar uma nova medida para a pesar, embalar e comercializar. Essa medida é o camião. Os Bardo Pond transportam nas suas veias um camiãozinho cheio de LSD e nós absorvemo-lo como uma transfusão sanguínea pelos tímpanos. E as nossas santas mãezinhas também.
Se a distorção da guitarra é capaz de fazer o vosso primo afastado que mora na Austrália trepar às paredes como um Yorkshire Terrier com medo de morrer quando passam este álbum no vosso estéreo, talvez as vozes e os ecos o façam rebuscar nos confins mais profundos da sua massa cinzenta que a construção civil não é sítio para quem pinta as unhas.
Mais informo que a cover dos Beatles, Cry Baby Cry, vem só confirmar de forma veemente que este álbum é efectivamente dedicado à nossa mãe.
Os Bardo Pond não conseguem vir à Europa porque a alfândega americana é muito rígida. Se tocarem no aeroporto para fazer render o bilhete do avião, talvez muita gente enlouqueça e os besouros de metal sosseguem uma vez na vida.