sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

An Introduction to... Elliott Smith

O tempo perguntou ao tempo qual a música que lhe apetecia ouvir. O tempo respondeu Elliott Smith.

Estava aqui no local onde levo a economia para a frente - embora tudo isto me pareça uma descida, não deixa de ser andar em frente! - quando o alarme de incêndio começou a tocar.

Após segundos de demorada e ponderada reflexão, decidi entrar calmamente em pânico. Desci as escadas, não sem antes reparar que estava uma fila grande na máquina do café. Bolas, estava a precisar d'um, enfim, venho buscar mais tarde. Ainda tive tempo de ver, no meio das chamas, um bebé  a aproximar-se perigosamente de uns cortinados. Armei-me em herói, fiz o salvamento da praxe e continuei a descer as escadas - sempre em pânico! -, aproveitando para pensar na desgraça que este Benfica se tornou.

Aos meus ouvidos, por cima do alarme irritante, fazia-se ouvir Elliott Smith, o guru do marketing, a pessoa que teve a coragem de cometer o acto máximo para aumentar as vendas dos seus álbuns: terminar a própria vida.

Lá fora, o pessoal, também ainda em pânico, falava e sorria e fumava uns cigarrinhos. Não ouvi muito bem, mas suponho que o tema devia girar à volta do meu corajoso salvamento dos cortinados. Não queria saber, preferi continuar a ouvir Elliott Smith, pois parece que saiu novo álbum, An Introduction to... Elliott Smith que, assim à primeira (ou)vista e apesar do título, arriscaria a dizer tratar-se de um conjunto de músicas que permitem, - err..., qual é a palavra?, ah...! -, introduzir (?) de forma satisfatória (!?) a obra do homem (onde!?).

Ao que parece o gajo até era extrovertido, ao contrário do que se possa supôr. Eu gosto muito de Elliott Smith. Gosto da sua música introvertida e raiva ligeiramente contida (cf. o seu ésse prolongada em Needle In The Hay), como quem refila sobre algo em que já pensou durante muito tempo:

You oughta be proud that I'm getting good marksssss


(Aqui em versão encurtada, cena do filme Royal Tenenbaums)

Acabou o simulacro, reparei que tinha uns cortinados comigo - para que é que eu quero esta porcaria? - pu-los no lixo e subi as escadas, pensando que este tempo faz-me ouvir Elliott Smith e Nick Drake. Parece deprimente? Não: para isso temos sempre Jeff Buckley.